Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Antes conhecida como Sítio da Igreja, a origem de Cacela Velha, aldeia situada no concelho de Vila Real de Santo António, no cume de um morro que tem o mar no seu sopé, perde-se na memória. Poderá ter origem fenícia, segundo alguns. Foi, com toda a certeza, um centro urbano romano e, posteriormente, árabe, sendo que com os primeiros serviu como ponto estratégico para a pesca e com os segundos adquiriu ainda uma função militar com a edificação de uma muralha de defesa. Sofreu forte desertificação com as constantes alterações de linhas costeiras e com ataques de barcos piratas, que levaram os locais a encontrarem segurança no interior da província e foi, como de resto todo o antigo Reino do Algarve, arrasada com o terramoto de 1755. Foi aqui que desembarcaram forças liberais de D. Pedro durante a guerra civil portuguesa que se dirigiam para a capital, onde triunfaram sobre as tropas miguelistas. À aldeia estão ligadas algumas lendas que parecem relacionar-se com o misticismo das mouras encantadas - como uma que conta a morte de um homem ao ter desafiado uma voz ao fundo de um poço (chamado, não por acaso, poço do moirinho).Hoje, conta claro com um papel predominantemente turístico - todavia, está longe de se tornar a armadilha para estrangeiro gastar dinheiro que muitos outros destinos próximos têm -, embora não esquecendo as suas raízes ligadas à faina, à salga e à agricultura. De lá, das casas térreas e brancas, de contornos populares e janelas enquadradas por um azul de mar, tem-se vista desabrigada sobre as areias da Ria Formosa e o Oceano Atlântico.
Vila avieira do concelho de Salvaterra de Magos que cresceu quando estes pescadores nómadas, a maioria vinda da Vieira de Leiria, se instalaram na zona e começaram a construir casas de caniço e, posteriormente, de madeira. Inicialmente este movimento migratório entre Leiria e os arrabaldes do Tejo era pendular, ou seja, no Inverno chegavam ao rio, no Verão partiam de volta para o mar. Com o tempo a fixação destas gentes do mar no rio que lhes dava sustento foi inevitável, possivelmente pelo custo que as viagens de ida e volta traziam.