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Manjerico

por Ricardo Braz Frade, em 11.08.12
Ícone por excelência das festas populares de Santo António e de São João, o manjerico é essencialmente um ambientador ou um símbolo, ao contrário do manjericão que goza já de utilização gastronómica - as folhas de ambos são comestíveis, mas as do manjerico são um pouco mais rijas e, portanto, preteridas.Normalmente, em Portugal, é plantado na Primavera, dentro de um jarro, lançando-se várias sementes ao mesmo tempo para obter o efeito de bola em que as suas ramificações concentradas e juntas resultam. Apesar de um provérbio nos manda regar e pôr ao luar, a verdade é que especialistas não o aconselham. O seu cultivo é cuidadoso, devendo apanhar muita luz mas não estando directamente exposto ao sol, evitando ao mesmo tempo climas frios. Além de funcionar como perfume natural, há quem o use próximo de floreiras já que também serve como repelente de insectos. É uma planta perene, de curta duração, e raramente se aguenta de um ano para o outro. O ideal é guardar sempre algumas das sementes anuais que liberta e plantá-las novamente no ano seguinte.Segundo tradição popular, não deve ser cheirado directamente, mas sim tocando-o com a mão e cheirando esta depois. Este mito criado em volta do manjerico dá-lhe um cariz especial mas a verdade é que nada tem de verdade - aliás, muitas vezes estes toques dados à planta com a palma da mão são precisamente a causa da danificação da sua folhagem, podendo levá-lo a uma morte prematura. Há, no entanto, quem diga que tal superstição venha do facto do manjerico ser pouco dado ao álcool e ao alho, e que pessoas com estes hálitosse tenham habituado a cheirá-lo desta forma.Acima de tudo, é impossível falar desta planta com origem indiana sem lembrarmos as festas de Junho que acontecem em vários municípios lisboetas. Por esta altura, o manjerico é um presente de namorados, sendo oferecido entre pares, normalmente com uma quadra escrita numa pequena bandeira que por sua ver é espetada na terra do vaso.

 

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publicado às 18:25

Vinho verde

por Ricardo Braz Frade, em 11.08.12

É um vinho característico e único com denominação de origem controlada (DOC) já centenária. Há duas províncias em Portugal que o produzem, ambas situadas no Noroeste nacional, e são elas o Minho e o Douro Litoral.Ao contrário do que muitos julgam, o verde que lhe dá nome nada tem a ver a cor da uva quando vindimada - diz-se que se atribui esta cor ao vinho por vir, em especial, da região de Portugal mais associada a ela, o Minho. O que o faz diferente é a especificidade dos solos (topografia irregular, formações graníticas, acidez elevada, pobreza em fósforo, texturas arenosas), do clima (chuvas frequentes e forte assimetria entre estações do ano), o processo em que é elaborado (conta com uma fase extra de fermentação e descarta a fase de maturação), bem como as castas próprias da região (a casta Alvarinho, por exemplo, ficou célebre), que lhe trazem uma marca significativa em relação aos restantes tipos de vinhos, sobretudo no que toca à acidez.O processo de produção tem, como qualquer tipo de vinho, alguma complexidade.A enxertia (processo pelo qual o enxerto ou cavaleiro é ligado ao porta-enxerto ou cavalo, de forma a prevenir que as castas mais sensíveis sejam infectadas ou destruídas) é feita num tronco de bacelo abrindo-se uma ou duas fendas nele, onde será depois enfiada a videira. O enxerto fica finalizado depois de atarem as duas partes com ráfia. Actualmente já existem os chamados enxertos-prontos, que facilitam a tarefa a alguns produtos.A plantação, a poda e a empa decorrem num período em que a natureza ainda não está no seu apogeu vegetativo, normalmente nos três primeiros meses do ano. Após esta fase, no período vegetativo, há inúmeros acompanhamentos que devem ser feitos até que a uva brote (a esta acção contínua dá-se o nome de intervenções em verde). Este período dura até à pré-vindima onde se começam a preparar os acessos de tractor, se podam as videiras de forma a descobrir mais a uva, se trata de questões logísticas que facilitem a apanha da uva. Chega a vindima, altura em que a uva é sacada da videira no momento apropriado - ou seja, quando os níveis de acidez, de cor, e de taninos atingirem o ponto óptimo. Por fim segue-se a vinificação e o engarrafamento.Associada a ele está a Rota dos Vinhos Verdes, que combina vários caminhos que podem ser explorados de forma a conhecer a terra e a gente que lhe dá origem.O vinho verde pode ser tinto, branco ou rosé, havendo ainda quem faça aguardente, espumante ou mesmo vinagre dele, e deve ser bebido ainda jovem.

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publicado às 17:47

Cacela Velha

por Ricardo Braz Frade, em 18.07.12

Antes conhecida como Sítio da Igreja, a origem de Cacela Velha, aldeia situada no concelho de Vila Real de Santo António, no cume de um morro que tem o mar no seu sopé, perde-se na memória. Poderá ter origem fenícia, segundo alguns. Foi, com toda a certeza, um centro urbano romano e, posteriormente, árabe, sendo que com os primeiros serviu como ponto estratégico para a pesca e com os segundos adquiriu ainda uma função militar com a edificação de uma muralha de defesa. Sofreu forte desertificação com as constantes alterações de linhas costeiras e com ataques de barcos piratas, que levaram os locais a encontrarem segurança no interior da província e foi, como de resto todo o antigo Reino do Algarve, arrasada com o terramoto de 1755. Foi aqui que desembarcaram forças liberais de D. Pedro durante a guerra civil portuguesa que se dirigiam para a capital, onde triunfaram sobre as tropas miguelistas. À aldeia estão ligadas algumas lendas que parecem relacionar-se com o misticismo das mouras encantadas - como uma que conta a morte de um homem ao ter desafiado uma voz ao fundo de um poço (chamado, não por acaso, poço do moirinho).Hoje, conta claro com um papel predominantemente turístico - todavia, está longe de se tornar a armadilha para estrangeiro gastar dinheiro que muitos outros destinos próximos têm -, embora não esquecendo as suas raízes ligadas à faina, à salga e à agricultura. De lá, das casas térreas e brancas, de contornos populares e janelas enquadradas por um azul de mar, tem-se vista desabrigada sobre as areias da Ria Formosa e o Oceano Atlântico.

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publicado às 10:55

Gaspacho

por Ricardo Braz Frade, em 17.07.12

Sopa muito consumida no Verão por se comer fria ou gelada e que personifica bem a tradição da dieta mediterrânea. É típica da região das regiões sulistas ibéricas (em Portugal: Alentejo e Algarve) - embora outros países também a comam, como em alguns da américa central. A sua origem é antiga e há quem a atribua aos árabes que se instalaram por cá, deixando-a como herança aos actuais andaluzes. Outra teoria, que refuta a anterior, diz que a história do gaspacho começou mesmo na Andaluzia já reconquistada, visto que o tomate, essencial à sua composição, só chegou à Europa depois dos Árabes terem abandonado a península hispânica.É feita à base de tomate, transformando-o numa espécie de puré, juntando-se depois pequenos pedaços hortículas como o pepino, o pimento ou a cebola (em Espanha a diferença reside sobretudo aqui, onde os ingredientes são triturados e não apenas cortados) aos quais se adiciona pão da região. No final, tempera-se com sal, azeite, orégãos e vinagre, e ainda se podem juntar cubos de gelo para a arrefecer mais ainda.A sua simplicidade faz com que a vejam como sopa de campo ou, sendo um pouco mais pejorativo, de pobre.

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publicado às 16:28

Levante

por Ricardo Braz Frade, em 17.07.12

Termo conhecido para designar o vento quente que areja algumas regiões do sul de Portugal e Espanha, mormente no sotavento algarvio, que corre de Este ou Sudeste. Vindo do deserto do Sahara, em África, os ditos dias de levante caracterizam-se pelas altas temperaturas do ar e da água (chega a atingir os quase 30º) e o clima excepcionalmente seco. É frequente ouvirmos esta expressão no concelho de Vila Real de Santo António, desde a praia de Monte Gordo até à Manta Rota. Por vezes, sobretudo se o vento soprar forte de Sudeste, a costa oriental Algarvia, que é tradicionalmente de mar calmo, pode embravecer, impossibilitando o exercício piscatório. Apesar de ser muito apreciado pelos banhistas e turistas que habitualmente frequentam a costa sul do país durante o Verão, este fenómeno natural poderá prejudicar a agricultura algarvia devido às partículas salinas que carrega consigo - sobretudo no caso das amendoeiras e laranjeiras. Esta acção deteriorante faz com que algumas pessoas da faixa sudeste do país ainda digam, em dias de má disposição, que estão com vento levante.

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publicado às 15:05

Procissão a Nossa Senhora das Dores de Monte Gordo

por Ricardo Braz Frade, em 08.05.12

Apesar da festa durar praticamente cinco dias inteiros, todos dão especial atenção a um em específico. No segundo Domingo de Setembro, Monte Gordo faz uma procissão, pela vila e areal adentro, à santa padroeira dos pescadores da terra, Nossa Senhora das Dores. As embarcações engalanam-se como deve ser para este evento, e a praia enche-se de Monte-gordinos numa cerimónia que termina na igreja da vila, com fogo de artifício a iluminar a imagem da santa. Existem, para além da Santa, outras imagens sacras a serem carregadas pelos habitantes da vila. Por vezes, aquando da passagem da procissão pela praia, alguns pescadores esquecem as buzinas que tocam e os foguetes que lançam para lá da rebentação, saltam dos seus barcos, e a nado aproximam-se da Senhora das Dores de quem recebem uma flor que está guardada sob o seu manto, voltando depois para as embarcações e guardando atenciosamente a flor dada. Sendo manifestamente religiosa, conta também com corridas entre embarcações, realização de jogos tradicionais e concertos.

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publicado às 00:26

Parque Natural da Ria Formosa

por Ricardo Braz Frade, em 07.05.12

Desde o Ludo, perto de Loulé, até Cacela Velha, aldeia histórica no concelho de Vila Real de Santo António, estende-se este parque ao longo de 60 quilómetros paralelo à linha da costa algarvia. Trata-se, não exactamente de uma ria, mas de um sapal ou laguna, já que a sua origem não está na existência de um vale fluvial como as rias exigem, mas sim de uma barreira de ilhas que a separa do mar. Parte dela está sempre submersa, mas outra está sujeita às vontades das marés, podendo vir à superfície na baixa-mar. Caracteriza-se pela acumulação de sedimentos que coloca o nível dos fundos mais alto do que seria normal esperar. A laguna que se forma, protegida do Oceano por cordões de dunas, goza de grande diversidade faunística (com grande destaque para a avifauna) e florística entre as suas cinco ilhas arenosas e duas línguas peninsulares. Preserva tesouros da natureza animal como algumas aves migratórias vindas do Norte da Europa que aqui passam ou procuram um Inverno mais suave (o pato-real,a piadeira, o pato-trombeteiro, o marrequinho, o borrelho de coleira interrompida, a tarambola-cinzenta, o fuselo, o maçarico-de-bico-direito, o maçarico-real, o alfaiate, o perna-longa, o pilrito-pequeno e o pilrito-comum) ou símbolos do parque (como é a galinha-sultana, a garça-branca-pequena ou a cegonha-branca), ou ainda algumas aves de rapina que no inverno usam a Ria Formosa como zona de caça (vários taranhões, a águia-de-asa-redonda, falcões como o falcão-peregrino, ou outras, nocturnas, como a coruja-do-nabal ou a coruja-das-torres). A importância da ria é também económica já que a maioria desta população lá trabalha, na pesca do robalo, do sargo, da dourada e do linguado; na mariscagem; e na moluscicultura - os bivalves, como a ostra, o berbigão, o lingueirão ou as amêijoas, são predominantes por aqui.

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publicado às 23:08

Túmulo megalítico de Santa Rita

por Ricardo Braz Frade, em 07.05.12

Com cerca de 5000 anos, o túmulo situa-se nas imediações da aldeia de Santa Rita, no extremo sudeste português, junto a Vila Real de Santo António. É constituído por um corredor e uma câmara funerária onde foram identificados, aquando das escavações, oferendas que acompanhavam os mortos na sua viagem para a imortalidade - colares, vasos de cerâmica ou mesmo lâminas. Está, como é comum nestes casos, orientado para nascente (de onde nascem os astros) alinhando assim os mortos com esse ciclo inacabável do nascer e do renascer. É hoje usado para festejar algumas festividades cíclicas como Equinócios e Solstícios.

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publicado às 16:00

Sete saias

por Ricardo Braz Frade, em 02.05.12
Diz-se que a mulher Nazarena usa sete saias por cima de si. A magia do número sete está presente por folclores do mundo inteiro, sendo frequente que seja simbólico das sete virtudes, das sete cores do arco-íris, dos sete dias da semana, das sete notas musicais e, no caso da Nazaré, das sete ondas do mar, tratando-se de uma vila com uma ligação quase vital ao Atlântico que lhe molha os pés.É ainda incerta a origem do uso de tal número de saias embora pareça existir uma função óbvia: a Nazarena passava bastante tempo na praia à espera do seu marido que se fazia ao mar alto para a pesca, e, durante esse período de tempo, serviam as saias como cobertores para todo o corpo - as de cima cobriam a parte superior do corpo, as de baixo a parte inferior.Outras opiniões existem, algumas com o seu quê de pitoresco, como a de servirem para se contarem as ondas do mar. É aceite pelas gentes da costa que as ondas vêm às sete de cada vez, e a partir daí tudo acalma até sete novas vagas surgirem de novo. Assim, as Nazarenas, para não se enganarem na contagem, tinham as sete saias como auxiliares de memória, de forma a que soubessem qual a melhor altura para entrar no mar.O conjunto é composto por uma saia branca, por baixo, e por cima desta várias outras de tecido claro debruadas a crochet.É mais ou menos certo que este costume surgiu por altura do Estado Novo (algures entre a década de 1930 até 1960) e que foi continuado desde então.

 

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publicado às 15:12

Cornos das Alturas

por Ricardo Braz Frade, em 27.04.12

Os Cornos das Alturas foi o nome que a imaginação popular transmontana deu a uma formação serrana na Serra do Barroso.A Serra do Barroso, conhecida como a das "Alturas", tem, de determinado ponto de visão, dois morros pedregosos e de vegetação rasteira que se elevam criando a sensação de que dois cornos foram ali naturalmente formados. O trato popular surgiu daí, cornos das alturas, isto é, os dois cornos formados na serra das alturas. Um, o Coto dos Corvos, conta com 1216 metros e outro, mais alto, o Coto do Sudro, alcança 1279 metros de altitude.

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publicado às 15:54


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